PARA QUEM NUNCA SE FOI - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

PARA QUEM NUNCA SE FOI - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros.

Quem me abandona e tira o peso do navio,

deixa um vazio que aos poucos vou preenchendo.

Assim é a vela, que ao findar, queima o pavio

e apaga a luz que a solidão vai remoendo.

Se bato à porta e alguém barra minha entrada,

não digo nada, dou a volta e vou-me embora,

deixo um silêncio fundo e uma cara amarrada,

levo um sorriso num rosto triste... que chora.

O tempo passa e o que guardei se fragiliza

a dor avisa que é o momento da mudança,

minha esperança é tombo na pedra lisa,

mas minha fé me põe de pé para outra dança.

Há quem se vá, há quem retorne... há quem nem parta...

se a mesa é farta, ir embora é desvario...

se sinto frio, sou casulo e sou lagarta

e espero as asas... pois meu voo... sou eu quem crio.

Porém, tão certo como a vida é passageira,

sou como aqueles que um dia me aceitaram,

porque guardaram como eu, a vida inteira,

o mesmo amor mais fraternal que me legaram.

Quem não se foi, ficou lacrado no meu peito

com seus defeitos como os meus tão... infantis...

e toda vez os quero ver, encontro um Jeito,

de abençoá-los... e é assim que sou feliz.

Luiz Gilberto de Barros - direitos autorais reservados ao autor - BNRJ - Às 7h e A7 min do dia 11 de fevereiro de 2002.