Saudade de balbúrdias

Meu olho encontrou

A bolha

De sol na gota d'água

Daquela lagoa dos sonhos

Da gente.

De repente

Era o tempo passado no anil

A gente se viu

Desde janeiro derradeiro

Colorindo aquele terreno baldio

Com as nossas balbúrdia...

A gente tinha

Uma linha sem fim

E um carretel de adivinhas

Para não deixar o tempo

Brincar de esconde-esconde,

Porque precisava pedalar

Nos nossos ensejos

De descobrir as maravilhas

De sorrir com os olhos.

A gente pulava a corda

Dos desafios

E nada era tão grande

Quanto nosso desejo

De transgredir as nossas possibilidades...

O cheiro de café coado e

Do pão fresquinho,

Mesmo assim,

Encontravam resistência

De nos fazer desistir.

Existia as broncas

E os roncos dos adultos

Magoados

Moncomunados com os abusos,

Eles estavam as chibatas

Da interrupção

De nos inpedirmos de

Sermos crianças...

A gente era gangorra

De girassóis

E tínhamos os feitiços das andorinhas...

Sabíamos escorregar

Como os peixes nascidos ali

Naquela lagoa, de gota,

Que refletia a bolha do sol...

E a nossa infância era

Tecida

Sobre o galho da árvore do

Tamarineira

Com os dois lados do doce!

Éramos fadas

E feiticeiros

Todo o tempo era nosso

Para aprender a fazer

O antídoto da felicidade para sempre.

De repente, a chuva!

A bolha do sol se ia,

A gota da água se multiplicava,

A gente ficava a deriva

Esperando o comando do nosso barco

Reordenar o horário

Da próxima viagem.

A gente fechava os olhos,

Mas eles não se cessavam

De enxergar:

O cheiro do terreno baldio,

As nossas balbúrdias

E o amor que se eternizou.

O tempo passou,

Mas não ficamos só lá...

Aqui, no presente,

De repente,

Existe esse carinho de sonho

Para a gente sempre

Se lembrar...

Marcus Vinicius