Carta ao mundo de hoje
Nada está fácil, a engrenagem
Ainda está em movimento
Nessa fábrica chamada vida.
A gente arrisca, nem sempre o alvo
É o correto
Ou o reto desejo da mudança tão esperada
Porque as escolhas são ásperas
E quem amarga o gosto da derrota
Custa a aceitar a felicidade alheia.
Estamos na pareia,
Eu vejo outros risos refletidos
No espelho do horizonte...
Estamos longe, eu sei,
De dançarmos uma ciranda ou acertar o passo
Do maracatu tocado pelo indigente..
A gente é gente
e nunca podemos
Desistir.
Tirei as mãos dos bolsos,
Estou solto, embora tenso,
É que ainda vejo essa juventude
Meio perdida no meio disso tudo.
Eles estão confusos
E mesmo com o espírito
Da revolução
Ainda estão parafusados com essa Geração coisificada
De insanos que imploram a volta
De instrumentos repressivos
Deixados lá atrás
Nos porões da história.
Existe a escória
Da sociedade: esses pensamentos larápios
Que viraram piada,
Mas que ainda impregnam
O ar que tentamos respirar!
Não vou parar
De meter o bedelho na vida,
Não vou...
Mesmo que o meu grito seja
Silenciado
E que o acaso tenha maior peso.
A gente pulou de face
Nada ainda é doce, não somos covardes
Aceitamos o peso
De plantar as sementes da esperança
E tirar o ranço
Da sociedade.
Nunca nos calaram
Não vai ser agora
Porque aprendemos a ser calos!
Eu luto ao seu lado
Contra qualquer montanha
E seguiremos até o fim
Quando a engrenagem soprar
Os ventos mais leves.
Marcus Vinicius