Terreiro de casa

É de frente de casa

que o viver acontece

a dona do lar

amanhece fazendo sua prece

Antes de varrer o terreiro

A meninada já madrugada

Corre tudo atrás da frota da galinhada

O mais velho, o do meio

O encostado ao mais velho

o novinho e o mais novinho

É um rebuliço no terreiro

Vão passando pela frente

um par, um compadre e uma comadre

E jegues carregados

Com lenha e água

E duas ou três mágoas

de uma vida sofrida

Dão as horas em saudação

E apontam logo ao chão

Uma criança caída

que abre o berreiro em choro

E os irmãos sem saída gritam, Mãe...

em coro

Invocando a protetora

E lá vem preocupada e com muito cuidado

Bate a poeira do machucado

Bordando uma oração repetida

regra que todo nordestino

escuta desde menino

Uma lição pra toda vida:

"Levanta para cair de novo"

E ali no terreiro vão desenhando o destino

O dia ao entardecer se finda

E todo mundo esmorece

dos afazeres, dos fazeres do dia-a-dia

Um ate logo

Para quem espia

Reza o Angelus, uma Ave Maria

Agradecendo mais um dia que se vai

E ninguém de casa mais sai

Até raiar o novo dia

Mona Oliver
Enviado por Mona Oliver em 28/10/2022
Reeditado em 21/07/2024
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