Terreiro de casa
É de frente de casa
que o viver acontece
a dona do lar
amanhece fazendo sua prece
Antes de varrer o terreiro
A meninada já madrugada
Corre tudo atrás da frota da galinhada
O mais velho, o do meio
O encostado ao mais velho
o novinho e o mais novinho
É um rebuliço no terreiro
Vão passando pela frente
um par, um compadre e uma comadre
E jegues carregados
Com lenha e água
E duas ou três mágoas
de uma vida sofrida
Dão as horas em saudação
E apontam logo ao chão
Uma criança caída
que abre o berreiro em choro
E os irmãos sem saída gritam, Mãe...
em coro
Invocando a protetora
E lá vem preocupada e com muito cuidado
Bate a poeira do machucado
Bordando uma oração repetida
regra que todo nordestino
escuta desde menino
Uma lição pra toda vida:
"Levanta para cair de novo"
E ali no terreiro vão desenhando o destino
O dia ao entardecer se finda
E todo mundo esmorece
dos afazeres, dos fazeres do dia-a-dia
Um ate logo
Para quem espia
Reza o Angelus, uma Ave Maria
Agradecendo mais um dia que se vai
E ninguém de casa mais sai
Até raiar o novo dia