Porvir
O sono afasta a gente
Do pesadelo de sofrer
Se muito pouco é o haver
E das migalhas dependente.
A moça vive da promessa
Que faz-lhe um anjo querubim
De dar-lhe o sonho de jasmim
Se muito bem - na carne - teça.
Ainda que sofra a humilhação
De natureza serviçal
Em que as lágrimas com sal
Temperem a massa de seu pão.
... Que faz-lhe um anjo querubim
Levá-la a um Éden muito belo
Onde após o seu pesadelo
Há de morar: dita sem fim...
A esperança lhe sustenta
Se a vigília a entristece
Cheira jasmim quando adormece
De sonho bom que se alimenta.