A NOITE CALMA
A noite calma
Duas velhinhas na calçada
A luz do barzinho
Com um bêbado contando história
O cão deitado no meio da rua
Ouço ao longe um garoto que chora
Suave a brisa me toca
Vagarosamente o sono chega
A alma se projeta ao infinito
Solidão no peito...
Tudo o que é vivo fervura na noite quente
No ceará é costume de toda gente sentar na calçada reparado no nada, contando vantagem, conversando nostalgia,
Lembrando dos que já não sentam.
Muitas histórias perdidas
Muitos costumes deixados
Muitos passos lavados pela chuva,
Que cai no asfalto.
O rastro da noite cintilante é levado
Pelas horas que o relógio marca
Já se pode deitar sem ser amado
Já se pode esquecer o dia frivido
A frigideira suja na pia
É hora de fechar o bar
De pegar o banco e entrar
De tomar o chá
Quem dera um chá de esquecimento
Durante um tempo uma prece um lamento
Ouço o silêncio
Todos foram dormir.