noites
era uma noite cheia
de gente vazia
o olhar, doía, chegava a arder
de tanto padecer de ócio
como se fosse negócio
me tirou dalí
e falando me fez sorrir
daquelas pessoas
tão cheias de si, e vazias de amor
e no peito uma dor, chamada medo
de contar meu segredo
e ela descobrir
que eu estava vazia
como um balde colocado numa pia
mas que não abriram a torneira
e só transbordava de egoísmo e besteira
talvez outro dia
mas essa noite inteira
esqueço que sou vazia
e me encho daquele sorriso
talvez eu conte, talvez um dia
eu talvez nem seja preciso
Clarice Ramos