De herói a algoz
Gritos, choro,
Coisas quebradas.
Não é filme de terror,
É outro dia de horror
Em que meu pai é o agressor
Que difícil aceitar
Essa afirmação:
Meu pai comete agressão!
Eu sou uma das vítimas desse vilão.
Quanta decepção!
Não sei onde isso vai parar.
Preciso ser forte e minha mãe ajudar.
Quanta frustração!
Meu pai é o nosso algoz,
Aquele que não tem pena de nós,
Como é difícil aceitar
Essa afirmação
Meu pai comete agressão!
Como acionar a justiça?
Como chamar a polícia?
Como meu pai proibir
De em nossa casa entrar?
Olho as outras famílias
Me pergunto o porquê da tirania
Onde ele quer chegar?
Assim sigo ferida,
Durante muito tempo perdida
Me sentindo ao meio;
De um lado a vítima,
Minha mãe, sempre tão carinhosa e aguerrida
Do outro seu algoz,
Meu pai, para mim um trabalhador, um herói.
Hoje vejo sem inocência
Que, quando há violência,
Não existe ninguém ao meio
Existe uma trincheira
Onde só há dois lados.
Como é difícil aceitar
Ser vitimado, ninguém quer esse lugar.
Como é dificil enxergar
Meu pai é um agressor
Bem mais que opressor
E eu também sua vítima sou
Não será fácil de agir
Mas de nossa casa e vidas
Ele precisa sair.