De herói a algoz

Gritos, choro,

Coisas quebradas.

Não é filme de terror,

É outro dia de horror

Em que meu pai é o agressor

Que difícil aceitar

Essa afirmação:

Meu pai comete agressão!

Eu sou uma das vítimas desse vilão.

Quanta decepção!

Não sei onde isso vai parar.

Preciso ser forte e minha mãe ajudar.

Quanta frustração!

Meu pai é o nosso algoz,

Aquele que não tem pena de nós,

Como é difícil aceitar

Essa afirmação

Meu pai comete agressão!

Como acionar a justiça?

Como chamar a polícia?

Como meu pai proibir

De em nossa casa entrar?

Olho as outras famílias

Me pergunto o porquê da tirania

Onde ele quer chegar?

Assim sigo ferida,

Durante muito tempo perdida

Me sentindo ao meio;

De um lado a vítima,

Minha mãe, sempre tão carinhosa e aguerrida

Do outro seu algoz,

Meu pai, para mim um trabalhador, um herói.

Hoje vejo sem inocência

Que, quando há violência,

Não existe ninguém ao meio

Existe uma trincheira

Onde só há dois lados.

Como é difícil aceitar

Ser vitimado, ninguém quer esse lugar.

Como é dificil enxergar

Meu pai é um agressor

Bem mais que opressor

E eu também sua vítima sou

Não será fácil de agir

Mas de nossa casa e vidas

Ele precisa sair.

Mari Velasco
Enviado por Mari Velasco em 08/09/2022
Reeditado em 08/09/2022
Código do texto: T7600921
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