Alma marcada

Alma marcada

Os pensamentos surgem qual fossem telas

Umas belas, outras singelas com cores.

Outras que põem medo, outras nuas com dores.

Nessas sem ter brilho escondendo a lua

aterrorizam o silêncio, a noite

e lembram momentos do choro, do açoite.

Nessas telas se reproduz o profundo;

Até às palavras que ouvi: as amáveis,

outras que feriram no íntimo, no fundo.

Essas que ferem são tão desagradáveis

e não são provindas de algum inimigo;

Ouvi daquele que dei amor e abrigo.

A mente traz à tona o que armazenado

registrou, marcou com cicatriz funda.

Co' o tempo essa dor vai virando passado

Tudo se resolve e o meu ser se inunda

de um silenciar que se torna constante

e todo o convívio esfriou bastante.

No rosto aparece nos olhos, as valas.

Valas, oriundas das horas choradas

A vida é o feito de uma senzala,

Todo o ferimento pelas chibatadas

são parecidas, o chicote que resvala

dói do mesmo jeito e deixa a alma marcada.

Márcia Aparecida Mancebo