Direito de existir
Mais uma briga...
Você me obriga
A ser quem não sou
Me deixa existir!
Será que não vê
Não é dificil
Só pra você
Não é vontade
Esse corpo não me cabe
Me deixa existir!
Não fui corrompido
Eu sempre estive aqui
Mas é claro, escondido.
Me deixa existir!
Não quero ser diferente
Esquece os parentes
Olha pra gente
E tenta entender
Não existe "minha menina"
É o teu filho diante de você.
Para, não chora
Você vai entender
Não é rebeldia
Nunca fui arredio
Você deve saber.
Só estou a lutar
Pelo direito de
Novamente nascer.
Dessa vez,
Sem "Chá de Revelação"
No qual se atrela a fisiologia
E faz dela a minha prisão.
Esse corpo
Que me veste
Ele não me reflete
Só me oprime,
Magoa, deprime.
Olhar para ele
É quem eu NÃO sou
Me deixa existir!
Durante muito tempo
Estive perdido
Me achava esquisito
Nunca tive qualquer quesito
Para com mulher ser confundido
Mas por covardia
Eu me calava
E a melancolia
De mim se apossava
Aquele meu jeito deprimido
Que um sorriso nunca esboçou
Era de um cara reprimido
Sofrido, contido...
Com medo de por ti
Ser excluído,
E de teu amor desprovido.
Durante muito tempo
Não me amava,
"Impuro" me achava,
Quantas noites eu chorava
De mim, tinha tanta raiva
Então me flagelava...
Tanta dor!...
Tanto sangue!...
Tanta solidão!...
Tantas lágrimas!...
Por que insiste em entender errado?
Não há nenhum culpado
Eu nasci assim,
Em um corpo trocado.
Demorei para entender
Que não preciso ser igual
Consegue me compreender?
A "diferença" é normal.
Vou entender teu pranto
Não como um desespero
A te consumir
Mas como o difícil
Ato de novamente me parir.
Neste momento, desvelo
O homem que há em mim
A ele faço a promessa
De nunca desistir
E não mais agredir
Família, finalmente agora
Eu passo oficialmente a existir!