Enxada

Enxada (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

Debaixo do pé de jabuticaba,

No cabo gasto pelo tempo,

Marcas da ferrugem, ali parada,

Descansa a todo dia, a todo momento,

A enxada larga e velha.

Juntou muita palha,

De arroz e de feijão...

Para o lavrador, foi seu ganha pão.

Foi dinheiro para o patrão.

Ninguém mais a movimenta,

Pouco, a ela se comenta.

Cortou raízes de picão,

Com muita precisão...

Capinou, também, o pé de feijão,

Plantado junto à roça de milho.

Deu-lhes força e brilho.

Limpou o rego de água

Para o dono o agrada...

Desencavou algumas vezes

Por dois ou três meses...

Capinou o canteiro de alface

Transformando-lhe em muita fase...

Cavou para plantar a semente de abóbora,

Debaixo de chuva e na certa hora...

Foi carregada no ombro do lavrador

Mesmo, na coluna, sofrendo dor...

Ali descansa, para sempre...

Não tem mais seu ente,

Para movimentá-la no presente.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 17/07/2022
Código do texto: T7561576
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