Domingo, dia de missa
Domingo, dia de missa (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
O sol tisnava na calçada.
Alguns passarinhos voavam parecendo a dança de inverno.
O cão aguardava o dono, que estava assistindo à missa.
O pipoqueiro, com seu carrinho vermelho,
Ascendia o fogo e logo o gostoso odor de pipoca frita.
A menina, pouco mais de dois anos, olhava fielmente
Para as brancas e salgadas pipocas.
O padre, no altar, despedia os fiéis desejando-lhes bom dia.
As primeiras passadas eram ouvidas descendo os níveis da longa escada.
Pessoas caminhavam apressadas,
Pois deveriam estar pensando no delicioso café da manhã.
A menininha dava birra e queria a pipoca...
O pipoqueiro, feliz estava, pois lhe oferecia com o sorriso bem sarcástico...
Segurando algum livro nas mãos,
A professora apressava os passos.
O motorista de táxi averiguava se tinha algum passageiro querendo seus serviços...
O dono do mercadinho dava passos largos,
É domingo, dia de vender alguma coisa para o almoço.
A anciã, de cabelos brancos, descia a escadaria escoltada pelas netas...
Os garotões davam passadas de mãos nos cabelos,
Deveriam estar de olho em algumas garotas...
O varredor da rua, encostado no carrinho, observa atento...
Pessoas saiam apressadas e se cumprimentavam entre si:
-Bom dia, Seu João, bom dia Sá Conceição...
A pouco tempo, não se tinha nenhuma alma viva por ali...
O pipoqueiro vendeu as pipocas.
As pessoas foram para suas casas.
Restaram somente os passarinhos
Que voavam tristonhos...
O varredor ainda pegou o último lixinho
E desapareceu no final da rua.
Por fim,
Sai o vigário apressado,
Pois, dali a mais uma ou duas horas,
Tem mais uma missa
E depois o batizado.