Decesso
A minha idade causa comoção à aldeia
Meu sonho não é matéria à sua língua-adaga
Apodreci maçãs em teu óbito
Tal origem aventura-se pela noite espessa
Deixa-me cair ao esquecimento
Atrase abismos-mobílias talhados
Aos restos de gafanhotos
A certeza é um licor que o condenará
Minhas cicatrizes não são joias
Para serem cobiçadas, roubadas, diluídas
Assistidas a olhos de lupa em tal putrefação
Teus olhos de moedas não podem me datar
Retumba o aço em meus ossos
Os passos que pesam feito assombro
As risadas que tomam meus olhos
A graciosidade de meus flagelos mímicos
O critério que descreve meu juízo
Cantando minha sujeira para transeuntes
Inventado doenças e vexames ao meu nome
Moldando-me pássaro, ansiando minha beleza
Gravura de teu nome em minha pele
E me diga, que eu devo exibi-lo com austeridade
Pois o teu amor me salvará da miséria
O teu amor existe para a condenação da minha fama
Não fale de minhas ambições se não conhecera minha fome
Não incite minha defesa, não invente meus sonhos, não pinte minha história
Pois quem a conhece, se cala. Não serás tu, o Prometeu desta ocasião
Mas sim, um delírio de um homem com tempo de sobra
E mesmo que todos os oceanos sejam ensaiados
E todas as comoções sejam ponderadas em véspera
E todas as situações sejam ambientações do teatro indigno
Eu pertenço a margem ponderando tratamento a quem ouve o pranto de meu espírito...