Decesso

A minha idade causa comoção à aldeia

Meu sonho não é matéria à sua língua-adaga

Apodreci maçãs em teu óbito

Tal origem aventura-se pela noite espessa

Deixa-me cair ao esquecimento

Atrase abismos-mobílias talhados

Aos restos de gafanhotos

A certeza é um licor que o condenará

Minhas cicatrizes não são joias

Para serem cobiçadas, roubadas, diluídas

Assistidas a olhos de lupa em tal putrefação

Teus olhos de moedas não podem me datar

Retumba o aço em meus ossos

Os passos que pesam feito assombro

As risadas que tomam meus olhos

A graciosidade de meus flagelos mímicos

O critério que descreve meu juízo

Cantando minha sujeira para transeuntes

Inventado doenças e vexames ao meu nome

Moldando-me pássaro, ansiando minha beleza

Gravura de teu nome em minha pele

E me diga, que eu devo exibi-lo com austeridade

Pois o teu amor me salvará da miséria

O teu amor existe para a condenação da minha fama

Não fale de minhas ambições se não conhecera minha fome

Não incite minha defesa, não invente meus sonhos, não pinte minha história

Pois quem a conhece, se cala. Não serás tu, o Prometeu desta ocasião

Mas sim, um delírio de um homem com tempo de sobra

E mesmo que todos os oceanos sejam ensaiados

E todas as comoções sejam ponderadas em véspera

E todas as situações sejam ambientações do teatro indigno

Eu pertenço a margem ponderando tratamento a quem ouve o pranto de meu espírito...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 03/06/2022
Reeditado em 07/06/2022
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