Falta muita coisa
Não cabe na minha poesia
o preço do feijão
o preço do arroz.
Não cabe na minha poesia
o preço do botijão de gás
o preço da gasolina, álcool e diesel
o preço da tragédia da "Mina de Feijão, Fundão e de Brumadinho".
Não cabe na minha poesia
o preço da energia elétrica
o preço da água
o preço do IPTU.
Não cabe em minha poesia
o preço do leite
o preço da carne
o preço da "sonegação"
o preço do "descaso" com o povo.
Não cabe em minha poesia
o preço do pão
o preço do açúcar
o preço das fortes chuvas
o preço dos desabamentos
o preço das inundações em Franco da Rocha
em Jabotão e Vila dos Milagres
em Angra dos Reis
na Bahia
e em Minas Gerais.
Não cabe em minha poesia
o preço tão alto de uma política para sustentar
tantos partidos e tantos candidatos
e ainda o preço do descaso.
Não cabe em minha poesia
o alto preço da "cracolândia"
o alto preço de tantas pessoas morando nas ruas
o alto preço do "desemprego" estrutural
o alto preço dos "sem-tetos"
dos "sem-terras"
dos sem-esperanças...