BLINDAGEM - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
BLINDAGEM - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros.
Tu me soltaste, quando mais me aprisionavas...
Como esqueceste que eu sou só um passarinho?
... filhotes crescem, quando a solidão do ninho
sempre os impele a conhecer...novas aljavas...
... pois quanto mais um coração serve de alvo
a qualquer seta que o amor possa lançar,
ela penetra pela luz de um doce olhar,
matando a dor, deixando sempre o amor a salvo.
Parei na porta dos teus sonhos possessivos
e, te confesso: hesitei, acostumado
com teus abismos passionais... mas... fascinado...
amei a ideia e fui com os outros fugitivos.
Ganhei altura e me senti tão poderoso,
que já não via essa gaiola tão blindada
por solidões... que fiz do céu, a minha estrada
e o meu voar tornou-se mais... maravilhoso.
E a cada vez que eu me tornava mais distante,
meu coração me aproximava da saudade.
Como era estranho conhecer a liberdade
de um passarinho... vendo um mundo tão gigante.
Um predador sempre demarca territórios...
enquanto a presa sobrevive simplesmente...
e eu, filhote... vou vivendo, ingenuamente,
do meu cantar, buscando novos repertórios.
Tu me soltaste... ou me soltei?...não sei dizer,
mas aprendi que um velho fundo de gaiola
aprisiona muito mais quem se consola
com o abandono de não ter por que viver.
Às 19h e 3min do dia 21 de maio de 2022 de Cabo Frio - RJ Brasil.Registrado e PublIcado no Recanto de Letras.
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