DESPERTAI
Os livros hibernam na estante
Que tanto dormem esses guardiões de pensamentos?
Despertai atalaias
Proclamai em bom som e com trombetas:
"É dia de conquistar em glória!"
Numa guerra de palavras não tem vencedores, só escritos.
Testemunhas de um mundo que existe enquanto houver páginas e tinta
Enquanto a traça e o mofo não acaba com tudo
Eis o leitor que vos espera
Será?
A fila do pão está virando a esquina
Na biblioteca não tem um subversivo pra quebrar a lei do silêncio
Anarquista
Falo
Grito e escrevo
Afundando no pântano tipográfico
desesperado em meio aos pensamentos
"Acordai, companheiro! Enquanto é tempo, despertai!
A vela dos pensamentos está um toco de cera e o pavio quase se consome pelo fogo!"
De vossas camas analfabetas saltai
Deixai vosso pesadelo ignorante e iletrado
Deixai vosso sono pesado e sem diploma
E dai ouvidos às palavras,
testemunhas silenciosas de todos os atos e acontecimentos.
Travai uma guerra em pensamentos
Meditai e ruminai
O livro está incompleto
e espera pela pena e a tinta
Então, poetas, trabalhai
e dai trabalho a essas serviçais!
13/05/2022
14:00hrs