Borboleta

Borboleta que aflita no meio some

Com suas asas a brilhar o bicho homem

O seu dom tem a cor do arco-íris,

E na íris tenho a dor que me consome

De preto vi seu corpo luzindo

E a beleza já caindo ao chão de cinzas

Como as cinzas que me aplaudem agora dentro

Do frasco que a mim já contraíra

Uma febre que me voa qual traíra

Nesse rio a correr as águas turvas

Numa curva de quem, borboleta

Quente e frio como a chuva

Inundou minhas asas

Arrastando o que a cinza me bole por dentro

E preso a céu aberto

É tudo o que certo me parece centro

Vera Mascarenhas
Enviado por Vera Mascarenhas em 16/04/2022
Reeditado em 16/04/2022
Código do texto: T7496436
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