POBRE DO POBRE - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros

POBRE DO POBRE - Luiz Poeta - Rio de Janeiro - Brasil -em 8 de setembro de 2017

Tanto civismo propagado aos quatro ventos...

tantos decretos descabidos assinados,

mãos esticadas refazendo juramentos

e alguns risinhos disfarçados... dos... safados !!!

Tornozelheiras não impedem que se acessem

contas diversas nos paraísos fiscais,

com estratégias que seus"hakeres" conhecem,

longe dos olhos dos peritos federais.

A falha sísmica do povo é a ingenuidade

que se transforma a cada vez que ele vota

no expert que faz da desonestidade,

seu ganha-pão... pobre do pobre... que nem nota.

O miserável não tem raça, casta ou crença,

tudo o que pensa é o que a mídia impõe que faça,

cada migalha é sempre nobre recompensa...

e só quem trabalha, sobrevive... à trapaça.

Tantas mesmices nos programas de TV,

tanto discurso de quem nunca sentiu dor

filosofoides discutindo ao bel prazer

o que nem sabem... a mando de um produtor:

Falta de assunto... sem o mínimo fascínio,

...teses diversas feitas de argumentos fúteis,

ditas por primos e amigos... de

... condomínio,

bem vestidinhos, bonitinhos, mas...inúteis.

O cantor grita: - Mãos pra cima!

... e a massa canta !

...e chora, ri, diz que o galã que canta, é "seu " !

mas lá na esquina, o vagabundo se agiganta,

aponta a arma e diz: - Aí, brother..

" tu " perdeu !

Pelas escolhas da cantora e do cantor

é que se vê o quanto o povo é... "feliz"...

...e tem poder ! ... pois ele é o eleitor

que sempre escolhe o... usurpador... do seu país.

Nos hospitais, o chão é a maca mais provável,

mas num bilhete, uma vaga é garantida...

desviam verbas... pois a dor é descartável

e o povo paga a cota até o final da vida.

São tantas formas de iludir um miserável

- nas faculdades, uma torpe ideologia

faz o neófito aceitar o inaceitável,

e acreditar na promoção da hipocrisia.

Os professores de verdade se restringem

à solidão das suas vãs pedras de giz

( esses ensinam, enquanto outros tantos fingem

que são os mestres e o restante... é aprendiz ).

Enquanto a imprensa manipula resultados,

na intenção de convencer um eleitor,

e os faknews circulam mais desesperados...

e cada lado faz do ódio o seu amor.

Ninguém percebe que a notícia mais pungente,

que prende os olhos do pobre espectador,

ganha audiência na desgraça dessa gente

que ingenuamente paga em dólar, sua dor.

Ninguém mais crê, mas continua apostando

na sorte grande - que só ganha quem já tem -

pobre do povo... gasta tudo, esperando

um resultado cujos números não vêm.

A indigência verdadeira não faz parte

da estatística... mas é tema tão frequente

de tantas teses que um doutor transforma em arte,

sem nem saber sequer das dores do indigente.

O google map, o google mestre, o google tudo,

matéria-prima dos conselhos do reitor,

são - hoje - a fonte cultural de cada estudo

que embevece o incauto interlocutor.

Algumas teses são só calças de veludo

mostrando a bunda do que arrota caviar

e é tão difícil dar topada e ficar mudo

como quem erra a bola certa do bilhar.

Enquanto isso, a matéria verdadeira

some na esteira do tempo inexorável,

a educação banalizou-se e a besteira

torna-se a essência de um sistema deplorável.

Só quem consegue um lugar nesse varal

é o blacktie, é a gravata, é o brevê

pagos com a verba destinada ao imoral

que vive às custas do governo ou da TV.

E o povo pobre, sonhador e iludido

briga, esperneia, vai em cana e acha legal

ir ao comício, ouvindo mais um foragido

dizer que tudo aqui termina em carnaval.

Pobre da massa de caninos cariados,

de risos fáceis e lágrima tão reprimida,

que sempre vota em quem lhe dá alguns trocados

ou troca votos por um prato de comida.

Nada mudou... a conclusão mais coerente

é que a TV escolhe quem deve ganhar,

e cada âncora decora fielmente

o lhe que dita a promoção que vai Levar.

Depois que toda agitação não dá em nada,

pobre do pobre, vê a constituição

boiar no fundo fedorento da privada,

com os pedidos de socorro da nação.

O homem vive entre flores e adagas,

sobrevivendo ao desemprego e à maldade,

pois não entende que iguais não ocupam vagas

e ideias vagas não trazem felicidade.

O que fazer diante dessa covardia?

... acreditar que tudo um dia vai mudar ?

...para melhor...ou aceitar a hipocrisia

passivamente, olhando o barco afundar ?

Que se observe quem nos dá sábios conselhos,

mas que se una o sentimento com a razão

para que um dia, nossa dobra de joelhos

dê muito mais que uma resposta de oração.

Às 19h e 17min do dia 2 de outubro de 2018 do Rio de Janeiro - Marechal Hermes - Publicado e Registrado no Recanto das Letras.