Olhe para si!

Talvez, seja da observação que surja as melhores descobertas e as maiores transformações.

Mas observar, por si só, é uma tarefa árdua.

Requer silêncio, esvaziamento, reclusão, paciência, pousar em si e ali, fincar os pés, lançar um olhar atento e permitir-se.

Nossas mentes barulhentas, nossas almas inquietas, nossos olhares preocupados, nosso coração aflito não nos permite essa pausa, não nos permite um mergulho profundo na imensidão do ser.

Talvez, o instinto de autoproteção seja o obstáculo mais difícil de transpor: sentimos medo de como nossa alma irá nos refletir, sentimos medo da bravura e profundidade desse mar que nos habita.

E assim, dia após dia, vamos perdendo a firmeza do remo, a maré dita a direção e o horizonte continua observando, de longe, como nos permitimos caber e ocupar um recipiente tão deformado, finito e

limitado.

Observar-se tem seus riscos mas a recompensa de achar-se, faz o sentido da vida não repousar fora de mim.