Um lugar pra cada coisa.
Cada coisa em seu lugar
Pois, cada qual tem seu tempo
Somente a dor não tem par
Mas pro erro, há comparação
A todo mal, seu lamento
Lentamente
A folha amarela no outono
O plano antigo de viagem
A chance de ir lá
E ter como certo a miragem
O vazio do deserto
Anda propenso a estar por perto
Penso, que apesar de imenso e frio
É um lugar que não me cabe
A própria vida que se sabe
Uma ilusão
Olhares pra além do horizonte
Além de horizontes, verão
Há, pra cada espera, o momento
Cada flecha lançada, aflição
Pra todas escolhas, colheita
Doçura do mel, talvez não
Para toda falsa luz
Existe a sombra da verdade
E, pra toda liberdade, uma prisão
O alento é na outra estação
Quiça, cada luz tem seu sol.
À boca de meias-verdades
Um ouvinte que se foi
A batalha que você não vence
Era sua e sequer lhe pertence
Na página seguinte
Todas as belas imagens
Mas alheias
A cada mar o seu vento
E pra toda nau sincera
A procela, a escuridão, a vela sem direção
À goteira, o telhado que não desabou
O ás do baralho, perdido
O curinga que se esconde ao lado
A palavra que faltou
O desconto no mercado
As fases da lua
Pra a frase o ponto final.
Nuances de uma mesma face
A escada que ninguém galgou
Estrada pouco iluminada
Um lugar da partida, um adeus
No cume de qualquer montanha
Há o início da descida
No passado de qualquer memória
Vaga lento um vaga-lume
Num canto esquecido, uma noite qualquer
Mas o tempo vai trazer dezembros
Para quantos janeiros houver.
Edson Ricardo Paiva.