A insônia de ícaro
O grande fardo do sonhador
Agarrar-se a um conto em busca de fervor
Procuro bem mais que clamar ao senhor
Eu quero livrar o peso de toda essa dor
Venho com minhas vestes aladas
Para buscar além das badaladas
Um motivo sem resguardadas
E apresentar-lhes a determinação dos homens com presas guardadas
Um versista sem pudor de errar
Que trancou todo trabalho e jogou no mar
Para ter a esperança que mesmo sem guardar
Ela venha a um dia retornar
Sou o título rebelde com uma ambição
Talvez um homem com culhão
Que nem mesmo dos grandes escutará sermão
De seus humildes trechos escritos a mão
Retornarei sem a queda deste homem azarado
Que teve seu desejo carbonizado
E hoje é subjugado
Sem nem sequer ter errado
Sou o herói manifestado como herege
Que tem um sonho ao qual protege
Para cruzar o mundo que o emerge
E dizer no fim que consege
Errei o verso peço perdão
Palavras livres feitas a mão
A liberdade poética é minha desde então
Sou feito ícaro, quero o céu e mais um montão
Sim, sou o Kitro do café e a bancada
Que gritou Julieta abaixo da sacada
Escreveu mais um verso sem medo de nada
Nessa silenciosa e gritante insônia da madrugada