De Estação Em Estação

Embarquei

na

Estação Santo Afonso,

rogando

a todos os Santos,

que houvesse empatia

e minhas palavras

não fossem

tomadas como

palavras vazias,

mas sim,

como palavras

sentidas na alma

e fossem ouvidas

no interior

do vagão.

E segui,

de estação em estação,

desafiando meus medos,

entregando... em versos,

segredos tão meus; mas pasmem,

havia razão,

não era minha apenas a ventura,

pois a poesia que a mim cura,

encontrava guarida,

sendo por certo, também,

cura aqueles que

depositavam

atenção.

E a cada rima, franzindo a testa,

sorrindo discretos,

mas sem profusão,

percebia que minha poesia

já não

era tão

minha,

senão

dos viajantes

do vagão.

Encontrara conexões

com outros corações.

De alma lavada desembarquei

na última estação, sem cobrar,

sequer,

um tostão,

eis que não era essa a missão,

a razão,

senão,

apenas, dividir os sentimentos,

compartilhar... com alguns que,

assim como eu, encontram nas

palavras, na poesia, conforto e

razão para existir

e resistir à vida...

cumprindo nossa

missão.