Cruzadilhas
Vacas talhadas
Rasgas mortalhas
Sussurros doentis
Alguém lendo gibis
Há quem pinte verde
Há quem traga a morte
Há quem sinta sede
E chore maldizendo a sorte
Dos que brincam em estradas desertas
Há quem faça festa
Sova o pão
Sirva o grão
E o trigo
Quem é meu amigo
Quem sinta o gosto do nada
Há dimensões que se encontram
Um louco que pinta o que contam
A verdadeira essência do ser
A mim
E a você
Buzinas
Vitrines
Cabines
Comércio gritante
Sol escaldante
Rachados os pés dos que sonham no chão
A linda e moderna cidade Feliz
Esconde escombros amarrados
Porções de algo assado
O cheiro de cerveja embriagando o lugar
Flores de plástico
Mulheres de cera
Despachos perdidos
Arrependidos
Em encruzilhadas das feiras
Dia de feira
Dia de Santa
Da moça velha, que acende a vela antes do sono solitário
Do corpo não tocado
Nem por ela...
Da tia avó
que reza o rosário
Do homem escondido atrás de vielas
Do peregrino
Que caminha sem ela
O silêncio noturno de domingos
O pão dormido
Amanhã faço chá
Hoje não...
Hoje deito para descansar.