Cruzadilhas

Vacas talhadas

Rasgas mortalhas

Sussurros doentis

Alguém lendo gibis

Há quem pinte verde

Há quem traga a morte

Há quem sinta sede

E chore maldizendo a sorte

Dos que brincam em estradas desertas

Há quem faça festa

Sova o pão

Sirva o grão

E o trigo

Quem é meu amigo

Quem sinta o gosto do nada

Há dimensões que se encontram

Um louco que pinta o que contam

A verdadeira essência do ser

A mim

E a você

Buzinas

Vitrines

Cabines

Comércio gritante

Sol escaldante

Rachados os pés dos que sonham no chão

A linda e moderna cidade Feliz

Esconde escombros amarrados

Porções de algo assado

O cheiro de cerveja embriagando o lugar

Flores de plástico

Mulheres de cera

Despachos perdidos

Arrependidos

Em encruzilhadas das feiras

Dia de feira

Dia de Santa

Da moça velha, que acende a vela antes do sono solitário

Do corpo não tocado

Nem por ela...

Da tia avó

que reza o rosário

Do homem escondido atrás de vielas

Do peregrino

Que caminha sem ela

O silêncio noturno de domingos

O pão dormido

Amanhã faço chá

Hoje não...

Hoje deito para descansar.

Bruna S S E
Enviado por Bruna S S E em 24/10/2021
Código do texto: T7370674
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