DESFOG
O DESFOG DA ÚLTIMA CÉLULA
Debruçada ao fogão,
ela ainda cozinha os sonhos
de um casamento perfeito.
A vice chefia do lar
e a felicidade
folheada a ouro.
A fumaça da monotonia
desfoga sua razão
e todos esses anos de submissão
explodem
na panela de pressão.
Talvez arquitete
o envenenamento
do companheiro
logo mais à noite:
mesa exposta
para um crime perfeito.
NELSON MARZULLO TANGERINI
Poema escrito nos anos 1980.