TEMPOS de PANDEMIA

Tempos de Pandemia

Não sou confinável, jamais serei.

O corpo, a que chamo meu, permanece aqui.

Lá fora tudo gira indiferente:

O vento movimenta roupas no estendal

Há sol e chuva, luar e noites de breu

Rosas surgem e têm espinhos

Os dias sucedem-se

A natureza confirma a normalidade

Que os homens esquecem.

Confinam-se corpos…

Descubro o tamanho do espaço não confinável

onde cabem todas as liberdades

mesmo as que não vislumbro.

Descubro o quanto irrelevante é o espaço fora de mim,

Porque é em mim que reside o tamanho de quem sou

a cada momento.

Descubro-me nada, nem ninguém e tudo me assiste.

Não sou mais que a natureza de tudo o que é

Nasço a cada momento

Morro a cada momento

Que parte de mim se pode confinar?!

2020/05/15

Aldora Amaral

aldora amaral
Enviado por aldora amaral em 03/10/2021
Reeditado em 05/10/2021
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