TEMPOS de PANDEMIA
Tempos de Pandemia
Não sou confinável, jamais serei.
O corpo, a que chamo meu, permanece aqui.
Lá fora tudo gira indiferente:
O vento movimenta roupas no estendal
Há sol e chuva, luar e noites de breu
Rosas surgem e têm espinhos
Os dias sucedem-se
A natureza confirma a normalidade
Que os homens esquecem.
Confinam-se corpos…
Descubro o tamanho do espaço não confinável
onde cabem todas as liberdades
mesmo as que não vislumbro.
Descubro o quanto irrelevante é o espaço fora de mim,
Porque é em mim que reside o tamanho de quem sou
a cada momento.
Descubro-me nada, nem ninguém e tudo me assiste.
Não sou mais que a natureza de tudo o que é
Nasço a cada momento
Morro a cada momento
Que parte de mim se pode confinar?!
2020/05/15
Aldora Amaral