A cidade desprezível
No olhar do alto de uma janela em uma pequena cidade
O tempo se intercruza em conflito, incômodo.
Lembramos quem éramos e esquecemos quem somos.
No olhar do alto de uma janela em uma pequena e distante cidade
Os escombros são feitos de gente,
Gentes que se confundem com as paredes que tapam a visão
Não enxergamos a nós mesmos.
No olhar do alto de uma janela em uma pequena e distante cidade de invisíveis,
Casas brancas com seus telhados vermelhos, muros rústicos erguidos
Dizem mais sobre quem está lá dentro ou lá fora?
Alguns poucos prédios medindo distância entre os escombros,
Distancia entre mundos num mesmo lugar,
Assolapado por uma mesma consequência
Escombros, podem ser qualquer um.
O que mudou?
Os pórticos partidos conversam sozinhos
Por contradição, já fazíamos.
De um lado, paredes e janelas que nunca abrem
Tão próximos e tão distantes,
Tão visíveis e quão invisíveis
Como as árvores que nem existem.
O meu olhar da janela vejo o tempo
Estático
Fugaz
Cíclico
Espiral
Nas rugas
Nas perdas
Nas memórias
No porvir
Nos desejos
Nos sonhos
Na alegria
No olhar do alto de uma janela
Em uma pequena e distante cidade de invisíveis
No tempo...