A cidade desprezível

No olhar do alto de uma janela em uma pequena cidade

O tempo se intercruza em conflito, incômodo.

Lembramos quem éramos e esquecemos quem somos.

No olhar do alto de uma janela em uma pequena e distante cidade

Os escombros são feitos de gente,

Gentes que se confundem com as paredes que tapam a visão

Não enxergamos a nós mesmos.

No olhar do alto de uma janela em uma pequena e distante cidade de invisíveis,

Casas brancas com seus telhados vermelhos, muros rústicos erguidos

Dizem mais sobre quem está lá dentro ou lá fora?

Alguns poucos prédios medindo distância entre os escombros,

Distancia entre mundos num mesmo lugar,

Assolapado por uma mesma consequência

Escombros, podem ser qualquer um.

O que mudou?

Os pórticos partidos conversam sozinhos

Por contradição, já fazíamos.

De um lado, paredes e janelas que nunca abrem

Tão próximos e tão distantes,

Tão visíveis e quão invisíveis

Como as árvores que nem existem.

O meu olhar da janela vejo o tempo

Estático

Fugaz

Cíclico

Espiral

Nas rugas

Nas perdas

Nas memórias

No porvir

Nos desejos

Nos sonhos

Na alegria

No olhar do alto de uma janela

Em uma pequena e distante cidade de invisíveis

No tempo...

Tahutihator Frigus
Enviado por Tahutihator Frigus em 24/09/2021
Reeditado em 24/09/2021
Código do texto: T7349865
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