CASINHA SOLITÁRIA
CASINHA SOLITÁRIA
Carlos Roberto Martins de Souza
Quando vejo uma casinha abandonada
Me bate uma dor profunda no coração
Saber que ali viveu uma família honrada
Que deu o sangue a vida naquele chão
Muita história poderia ela a todos contar
Mas a sua mudez brada mais alto e forte
Seu silêncio faz parar pensar e meditar
As voltas voltas da vida e sua triste sorte
Deu guarida a famílias de bravos heróis
Gente humilde que na terra se entregou
Que fez cortina da vida com seus lençóis
Da esperança o sonho que o vento levou
São milhares espalhadas pelos campos
Nas fazendas e roças deste solo varonil
Cada uma deixando um vazio e prantos
Das vítimas desta guerra feroz e hostil
As marcas do abandono não expressam
Nem de longe a dor muito menos agonia
De quem por força das batalhas se foram
Deixando para trás um sonho de alegria
Pedra sobre pedra foi erguida com prazer
Sem tecnologia bravas mãos construíram
Ergueram o que seria um lugar de viver
Mas a vida pregou peças assim fugiram
Deixaram para trás as boas lembranças
Muitos sonhos construídos com fé e dor
Levaram na bagagem só desesperança
Ficaram ali o que um dia juraram amor
Fotos como esta causam perplexidade
Pensar que muitos não tiveram opção
Quantos foram abandonados na cidade
Hoje vivem com uma dor forte no coração