CASINHA SOLITÁRIA

CASINHA SOLITÁRIA

Carlos Roberto Martins de Souza

Quando vejo uma casinha abandonada

Me bate uma dor profunda no coração

Saber que ali viveu uma família honrada

Que deu o sangue a vida naquele chão

Muita história poderia ela a todos contar

Mas a sua mudez brada mais alto e forte

Seu silêncio faz parar pensar e meditar

As voltas voltas da vida e sua triste sorte

Deu guarida a famílias de bravos heróis

Gente humilde que na terra se entregou

Que fez cortina da vida com seus lençóis

Da esperança o sonho que o vento levou

São milhares espalhadas pelos campos

Nas fazendas e roças deste solo varonil

Cada uma deixando um vazio e prantos

Das vítimas desta guerra feroz e hostil

As marcas do abandono não expressam

Nem de longe a dor muito menos agonia

De quem por força das batalhas se foram

Deixando para trás um sonho de alegria

Pedra sobre pedra foi erguida com prazer

Sem tecnologia bravas mãos construíram

Ergueram o que seria um lugar de viver

Mas a vida pregou peças assim fugiram

Deixaram para trás as boas lembranças

Muitos sonhos construídos com fé e dor

Levaram na bagagem só desesperança

Ficaram ali o que um dia juraram amor

Fotos como esta causam perplexidade

Pensar que muitos não tiveram opção

Quantos foram abandonados na cidade

Hoje vivem com uma dor forte no coração

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 13/09/2021
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