Arthurzinho em "O confessionário"

Feito um chapéu, não faço mal a ninguém.

E sem chapéu, o máximo que vejo é meu cabelo combinando besteiras com o vento. Besteiras, besteiras.

Ao piquenique confesso as migalhas deixadas entre os juncos da colina, mas é que a tarde sem pássaros é um horizonte pensado a sério.

E eu não gosto muito.

Tá que ontem dormi de botas pensando num poema antigo, os carros puxados por bois…

Mas não fiz mal a ninguém.

- Mais alguma coisa?

- Não senhor.

- Você não pecou, bom menino, pode ir.

- Obrigado, Padre Onório.

- Espere, não saia ainda, você disse que dormiu de botas.

- Sim senhor.

- Sujou a cama?

- Sujou.

- Duas Aves-Marias e um Pai-Nosso, e vá com Deus.

- Sua benção.

- Deus te abençoe.