Em meu mundinho
de acessórios_ objetos e coisas
faço do meu dia uma trincheira
e no meio das tralhas e ideias escrevinho
restrita a uma cadeira
percorro a mente a passos largos
__________às vezes lentos_ às vezes paro

Os pensamentos se prendem
no vislumbrar de jaulas e lodaçais
das armadilhas que emergem
das trilhas demarcadas no fundo de mim
emaranhadas num fio chamado vida
ao percebê-las brotam dos confins
das memórias_ os erros_ descasos_sobrevida
invadidos por centelhas de bichos enjaulados

Querem desprender-se
sem arranhões do caos
tentativas e lapsos em vão
as cicatrizes estão tatuadas
há como repintá-las? Não
O que dói_ver o amor numa jaula
chegou ardente_atrasado demais
aliciou-me_deteve-me e me aprisionou
numa masmorra indelével com doce veneno
que paralisa aos poucos sem dreno
o viver de momentos factuais

Das imagens da tv ligada
o controle a zapear cenas do nada
o celular a deixar qualquer um louco
teles_ mensagens_ face e instagram
ignorados por luvas de coloridas lãs
e os dedos aficionados no teclado
numa busca alucinada de refletir
sobre o real_o verdadeiro_impensados
aceitar verdades_ torná-las lúcidas
e depois elocubrar num rabo de foguete
para viajar por rastros de estrelas

O cigarro e o isqueiro estão do lado
prontos para estremecê-las
numa emanação de fogo e fumaça
quer tragar o real e soprar a irrealidade
_____________dos versos estonteados
numa poesia meio rasa
vulnerável em suas antigas asas

O caderninho e canetas para recados
prontos para levar bilhetes de amor
jogados por aviõezinhos de papel
completam o cenário os livros empilhados
numa biblioteca desarrumada
como gosto de ver _pois há tanto a ler
são momentos desalinhados
regados por uma xícara de chá com mel

Parafernália de coisas e versos
é a parte que me cabe neste vasto mundo

@soninhaportopoa