Poesia bêbada

O álcool é o anestésico que adormece a dor

Dor de alma, dor de existir

Dor de não saber onde ir.

A dor da frescura, da bravura!

A dor de estar. Permanecer. Não ser.

O álcool entrega. Resfolega.

Faz festa onde tem lama.

Faz samba onde tem buraco.

Faz estopa do meu farrapo.

O ácool é a própria alma

Ridente, inescrupulosa e sem pressa.

É a vida lisonjeira e pacata

Falta de preocupação

Falta de sensatez.

É a delícia de estar

Fora do corpo, fora de casa.

Fora da chatice de ser quem sou.

Ah! O álcool. Quem me dera!

Sentir-me sempre

Sentir-lhe sempre...

Assim.

Aprendiz de mim.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 16/07/2021
Reeditado em 25/07/2021
Código do texto: T7300943
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