Poesia bêbada
O álcool é o anestésico que adormece a dor
Dor de alma, dor de existir
Dor de não saber onde ir.
A dor da frescura, da bravura!
A dor de estar. Permanecer. Não ser.
O álcool entrega. Resfolega.
Faz festa onde tem lama.
Faz samba onde tem buraco.
Faz estopa do meu farrapo.
O ácool é a própria alma
Ridente, inescrupulosa e sem pressa.
É a vida lisonjeira e pacata
Falta de preocupação
Falta de sensatez.
É a delícia de estar
Fora do corpo, fora de casa.
Fora da chatice de ser quem sou.
Ah! O álcool. Quem me dera!
Sentir-me sempre
Sentir-lhe sempre...
Assim.
Aprendiz de mim.