Ato de confissão

Falo sobre a dor

A que sai das gargantas

A que se abriga num grito

A que é abafada

Nos hospitais

Nos campos santos

Nas calçadas.

Falo da dor dos aflitos

Dos que desejam a paz

Dos que promovem a guerra.

Mas a minha,

De tão pesada, não ouso falar

É demasiada.

Só quando tudo se apaga

No claustro, sufocada

Confesso a dor para a madrugada.

Queria carregar também a dor

Dos que me cercam na jornada

Dividir pão, o pranto, a solidão

O abandono de cada irmão

Que por mim passa

Faço o que posso, quando não dá...

Sou a ostra, me fecho.

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 01/07/2021
Código do texto: T7290711
Classificação de conteúdo: seguro