A "quase normal"

A "quase normal"

autor: Andreia Caires/ janeiro de 2021

Ela é intensa e inteira em tudo o que faz.

Mas têm dias que sente preguiça em sair do quarto.

Ela é bonita, mas às vezes

não larga o moleton.

Ela é higiênica,

mas não perde a mania em roer as unhas.

Ela é corajosa, mas às vezes

mantém a luz acesa pra dormir.

Ela é inteligente, mas também atropela as palavras

e erra nos ditados

Ela é carinhosa, mas também sabe ser grossa

e se torna tão sutil

quanto a um elefante.

Ela é tão letrada,

mas troca os escritores.

Ela é organizada, mas em cinco minutos consegue

se perder dentro da própria casa.

Ela ama bichos,

mas não passa perto de cachorro grande.

Ela compra roupas fittnes,

mas têm preguiça de se exercitar.

Ela é alegre, mas também é depressiva.

Ela toca violão

Mas erra as notas,

busca simplificar.

Ela cultiva plantas,

mas espirra ao entrar numa floricultura.

Ela é ótima conselheira

já escreveu até livros,

mas tratando-se de si mesma

Recorre a terapeuta, psiquiatra, Deus e os astronautas.

Ela é magra,

mas durante a pandemia

não se reconhece ao olhar-se no espelho.

Ela é extravagante, mas também sabe ser discreta.

Ela é carente

mas não gosta de melado.

Ela ama viajar

mas ama ficar dentro de casa e não atender ninguém.

Ela quer ser reconhecida fazer seu nome aparecer

mas têm pavor de paparazzis.

Ela imagina-se morando em Copacabana

mas logo prefere esconder-se no meio do mato.

Ela salva receitas de bolo,

mas na hora do preparo sempre altera algum ingrediente.

Ela ama frio

Mas quando as mãos congelam

anseia pelo verão.

Ela detesta confusão,

mas devolve o lixo colocado em sua porta.

Ela está por aí

Em todos os lugares

Em várias cidades

Correndo, lutando, cometendo excessos ou há falta deles.

Ela é uma mulher "quase normal"

Andreia Caires
Enviado por Andreia Caires em 01/07/2021
Código do texto: T7290650
Classificação de conteúdo: seguro