Não derramai o cálice da Vida!
A vida é como um sonho,
Quando se acorda, um susto medonho,
Para onde foi a nossa infância?
Se é que um dia fui criança,
A vontade de crescer era tanta,
Planta, colhe, come a janta,
Quanta coisa se escorreu,
Do meu, do seu, desejo de sonhar,
A lida, a labuta, imbuídos na luta,
Nem se dá ao luxo de amar,
Pensar, cantar, refletir e imaginar,
Quem tem asas são os anos e não os anjos,
Um jota sorrateiro colocado bem no meio,
Que feio, pois assim o tempo nos engana,
Pois o dom de degustar a vida, como doce bebida,
Poria mais sabor nessa minha boca sedenta,
De uma hóstia, de um cálice de água benta,
Desse corpo cansado em chagas e feridas,
De mente vacilante e de alma arrependida.