A Fábrica
A Fábrica surgindo
O mundo contente
Os inteligentes
Seus planos resolvem
E os cientistas
Trabalham com calma
As fábricas de armas
As fábricas de automóveis
As fábricas de revólveres
As fábricas de facas
A Fábrica!
Uma menção de prisão
Que a muitos homens envolve
Muitas vidas dissolve
E a outras torna singela
E os colegas de cela
Buscam ter união
Pra ter melhor condição
Porque em toda prisão
A vida se torna ingrata
A Fábrica!
Fabricaram o avião
E também a bomba
E vieram outras fábricas
Na face da terra
Veio a evolução
Também veio a guerra
E o mundo se curva
Antes que tomba
Não veio a fábrica de chuvas
Para as terras sem sombras
Veio porém a desmata
A Fábrica!
Numa área insegura
Com muros cercada
Dia a dia eu mergulho
Afogando o futuro
Com outros detentos
No mesmo Porão
Essa é a atuação
D'uma classe explorada
Dentro da fábrica
Orgulho do patrão
A gente se mata
Pra dar produção
Sujeitos a acidentes
No trabalho duro
A Fábrica!
Os salários atuais
Em desigualdade
Recessão e desenprego em massa
E os sindicatos fragmentados
Povos revoltados com a poluição
As vezes há greves
E os salários mirrados
E muitos calados
Sem tomar decisão
E os governos atuais
Nossas vidas enlata
A Fábrica!
A indústria a cidade
O aglomerado a periferia
O confinamento
Pelas fábricas adentro
O operáriado massificado
E sem moradia
Tal qual num quartel
De "estilo nazista"
Com os desrrespeitos
As leis trabalhistas
E outras injustiças
Que aos operários atacam
A Fábrica!
O surgimento das obras
O fracasso da roça
O peão e a trossa
E os bóias-frias
As multinacionais no seu crescimento
Mas o nosso alimento
Dia a dia falta
E o sofrimento
É das maiorias
A Fábrica!
A Fábrica!
Já não é mais a fábrica
É muito mais a hierarquia
Ou ou quase anarquia
Corrompida na sua política
Que por um lado se constata
Por outro implica
Em operário ser máquina
E a fábrica ser rica.
(Na década de 1980)