Do lado dos livros o sono me convoca

É branda a noite que se assenta,

do lado dos livros o sono me convoca,

há tanto tempo estive ausente, pesadelos, tantos são que me apavoro,

devaneios de uma aprovação tardia,

em constante prova tenho me colocado e sem querer tenho sido colocado,

e o meu eu interno em migalhas se desfaz,

e os olhos pesam, fecham-se diante o súbito descuido.

Concurseiro aflito, anônimo, sozinho num quarto mal iluminado,

a cadeira incomoda, porém é a a mais confortável que possuo,

recurso bastante utilizado,

as horas passam lentamente como se eu caminhasse por campos áridos,

as matérias complicadas são campos pedregosos,

outrora as horas velozes de tão velozes se escoam e se perdem quando sou acordado subitamente na madrugada.q

Para qual batalha se lança e o concurseiro em busca da glória?

As feridas se multiplicam e a esperança é bandeira do sonho da aprovação,

delírio que vem altas horas da noite, molhado de suor, acordo suspirando, eu havia ficando a bandeira no monte mais alto...

A aprovação: prêmio simplório diante tantas lágrimas jorradas,

os choros sufocados em noites frias,

abafados pelo travesseiro,

a dor sentida tantas vezes é confidenciada aos embalos solitários.

A manhã chega, e o canto dos pássaros adentram a janela...

Sinfonia disponível a todos os ouvidos, dos mais aos menos privilegiados...

é o sopro de vida inexplicável,

e o meu corpo tomba aflito, carregado de dores, cheio de medos de fracassos e derrotas, covarde por diversas vezes...

Ah! meu coração ferido, por tantas vezes foi despedaçado, pisado sentiu-se, diante palavras tão descuidadas, parece que ninguém entende sua trajetória, seu caminho é estranho, mas só você sabe o que quer e a esperança que carrega, jamais se esqueça dela: a esperança, repito aflito diante o espelho.

A dor lancinante que rompe o silêncio da noite densa, torna minha alma solitária, repleta de remendos, cicatrizes, traumas...

Eu busco um sentido para tudo isso.

A flor mais linda do jardim sorri, mas quando vou tocá-la ela logo murcha...

Minha rosinha, por que você se foi? Por que deixou minha'lma despida de beleza, tão cedo partistes, tão cedo retiraste de mim a alegria.

E essa dor que fica, monstruosa me olha de volta no espelho, mas o que vejo é meu reflexo, reflexo da dor monstruosa sentida, e minha face se torna monstruosa, enfim acordo...

Em cima da minha escrivaninha desperto,

assustado pelo toque de quem me chama, um convite materno e terno encoraja: vá dormir!

Amanhã você estuda mais!

Apenas sorrio, tímido pelo flagrante inusitado,

respondo sôfrego em pensamentos: Deus queira, mamãe, Deus te ouça!

Deitado, reflito, penso, choro, calo, adormeço novamente...