Feira
O homem da farinha
Tinha um chapeu imenso
Abas quase mexicanas
E o bigode apurado.
A mulher do queijo
Tinha a voz fininha
Cortando o vento
E o cabelo prateado.
O velho do açougue
Tinha cara de porco
Olhos de porco
Nariz achatado.
A mulher da rapadura
Não tinha nenhuma candura
Sua cara era sofrida
Com um ar assustado.
Na feira tem cheiros
De gente e temperos
De caldo de cana
E de pobre coitado.
Mas as minhas memórias
São de trabalhadores
Com seus carros de boi
E destinos cruzados.