Passarinhando
Voo.
E vou com a certeza
De que deixo esse pedaço de lugar nenhum para trás.
O destino não se sabe,
E também não careço de malas.
Só me bastam minhas roupas do corpo.
Vou
Com as pernas no chão,
Pisando terra batida.
Sem bandeira,
e ainda sem saber ao certo
O caminho que a vida dá.
Voo
Entre os prédios da Presidente Vargas
Junto com os papéis de “compro ouro”
Na sarjeta.
Vou,
Amiúde,
Como não poderia deixar de ser.
Dentro do cara de lata na central
No vagão lotado,
Segurando chupeta.
E voo,
Porque de nada valeria
essa vida malgrada
Se não pudéssemos voar.