Matuto/caipira
Um certo matuto
Pegou matutar
E aí ficou puto
Com o governo que está
Sendo homem do campo
Caipira da roça
Tem sofrido tanto
Na sua paiossa
Filho analfabeto
Mulher nova doente
Matuto esperto
Não vive contente
Falta educação
Saúde e salário
Ter calos nas mãos
Não é ser otário
Trocar o seu voto
Por qualquer benefício
Caipira devoto
Não pratica isso
Matuto só sabe
Ttabaiar certim
Na cabeça não cabe
Proposta assim
Caipira de sobra
Só assina o nome
Bom caipira não roba
Nem que passe fome
Se matuto tem terra
Produz mais que seu pão
E nunca faz guerra
Com nenhum patrão
Caipira sem terra
No mundo desembesta
Sem luta sem guerra
A vida não presta
Sai de mão em mão
Como quem está solto
E cada patrão
É pior que o outro!
Tem matuto bam
Que só faz amizade
Mas tem cada peão
Que só pensa maldade
Matutos caipiras
Caipiras matutos
Na vida se inspiram
E ambos são cultos
E é verdade pura
Do matuto a sabença
Seu pão de cultura
Pra sobrevivência.
Joaquim Veríssimo Ferreira Filho