Matuto/caipira

Um certo matuto

Pegou matutar

E aí ficou puto

Com o governo que está

Sendo homem do campo

Caipira da roça

Tem sofrido tanto

Na sua paiossa

Filho analfabeto

Mulher nova doente

Matuto esperto

Não vive contente

Falta educação

Saúde e salário

Ter calos nas mãos

Não é ser otário

Trocar o seu voto

Por qualquer benefício

Caipira devoto

Não pratica isso

Matuto só sabe

Ttabaiar certim

Na cabeça não cabe

Proposta assim

Caipira de sobra

Só assina o nome

Bom caipira não roba

Nem que passe fome

Se matuto tem terra

Produz mais que seu pão

E nunca faz guerra

Com nenhum patrão

Caipira sem terra

No mundo desembesta

Sem luta sem guerra

A vida não presta

Sai de mão em mão

Como quem está solto

E cada patrão

É pior que o outro!

Tem matuto bam

Que só faz amizade

Mas tem cada peão

Que só pensa maldade

Matutos caipiras

Caipiras matutos

Na vida se inspiram

E ambos são cultos

E é verdade pura

Do matuto a sabença

Seu pão de cultura

Pra sobrevivência.

Joaquim Veríssimo Ferreira Filho

Joaquim Veríssimo Ferreira Filho
Enviado por Joaquim Veríssimo Ferreira Filho em 11/04/2021
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