O poeta é louco
O poeta é louco (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
Nas linhas e entrelinhas,
Comendo arroz com costelinhas.
No canto da sala,
Perto de uma bengala.
Olhos atentos no computador,
De vez em quando, uma pequena dor.
Usando todas as teclas,
Medindo tudo em escalas.
Cabelos mal penteados,
Lábios bem fechados.
A mente está louca,
Pois a ideia ainda é pouca.
Imagina ser um rei
Pena que já foi.
Não concorda com o mundo
Para ele o pensamento ainda é imundo.
Tem a feição de louco,
Para isto falta-lhe pouco.
Olhos atentos nos livros abertos,
Pois os versos estão todos certos.
Recorda da vida passada,
Da noite, uma calada.
Foi boêmio e aventureiro,
No pensamento, foi o primeiro.
Versos fortes e saudáveis,
Narra a vida dos miseráveis
De baixo calão,
Dos bailes de salão.
A loucura por si sobra,
Sempre tem uma nova obra.
Cara fechada sem mostrar o sorriso,
Porque escrever é preciso.
Assim a sociedade lhe define,
Ser louco, ser fechado e ser tão sublime.
A noite ainda é dia,
Pois a luz é sua sabedoria.