VIDA NA ROÇA
VIDA NA ROÇA
Carlos Roberto Martins de Souza
É duro mas viver lá na roça é ter fé
Para fazer a ordenha do rebanho
Às quatro e meia levanta toma café
Não dá nem para pensar em banho
Faz o fogo coloca a lenha no fogão
Prá fazer o seu almoço e seu jantar
Com sol ou chuva ele vai pro grotão
Vai para seu roçado limpar e plantar
Feijão milho amendoim alho batata
Verdura pra casa pro animal capim
Para que garanta sua fartura barata
Viver a vida pesada da roça é assim
O galo já cantou as galinhas acordam
Jogar milho no terreiro é prá começar
Regar a horta a roseira a flor cheirosa
Partir para o pasto vai o gado apartar
Coloca ração alimenta o boi e o cavalo
No chiqueiro ceva o porco de engorda
Tira o leite separa o bezerro é sagrado
Enche o latão de leite mas não entorna
O cigarro logo aceso de palha de milho
É hora de retornar para a sua casinha
Monta no seu velho alazão pega o trilho
Voltar para cuidar da sua doce vidinha
Fui morar longe distante lá na cidade
Deixei a vida tranquila lá daquela roça
Da vida do campo sinto muita saudade
A vida neste lugar não há quem possa
Tenho lembranças era a vida modesta
Não tinha nem conforto ou modernidade
Vivia a vida pacata no meio da floresta
Era muita paz era a maior tranquilidade
Roceiro no domingo vai sempre à missa
Põe aquela roupa limpinha o seu chapéu
Reza faz as suas orações sem ter cobiça
A fé que ele devota é pra ele seu laurel
Volta para casa toma aquele cafezinho
Ele vai comer um gostoso bolo de aipim
Terminar o seu dia no colchão quentinho
Pensar no amanhã viver na roça é assim.