E as margens? Pergunta Bertolt
Fala-se da mãe; porém ninguém ajuda a criar.
Fala-se do filho; ninguém sabe o seu motivo.
Fala-se do professor, ninguém se põe no lugar.
Fala-se do jovem; qual a razão do ser agressivo?
Fala-se da chuva, ninguém se propôs a plantar.
Fala-se da religião; não compartilha o ‘donativo’.
Fala-se do desacerto, não se lembrou de ensinar.
Fala-se do subterfúgio; porque mesmo era cativo?
Fala-se do gordo; sabe a causa? Só sabe apontar.
Fala-se do diminuto, no posto de aumentativo?
Fala-se da solidão; _tenho luz e não vou clarear.
Fala-se da violência; o rio vive sempre a arrastar.
Fala-se da agressão da água quando se quer nadar.
E das margens que afligem não se tem o que falar?
Raquel Ordones
Uberlândia MG
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Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem
----------------- Bertolt Brecht.