E as margens? Pergunta Bertolt

Fala-se da mãe; porém ninguém ajuda a criar.

Fala-se do filho; ninguém sabe o seu motivo.

Fala-se do professor, ninguém se põe no lugar.

Fala-se do jovem; qual a razão do ser agressivo?

Fala-se da chuva, ninguém se propôs a plantar.

Fala-se da religião; não compartilha o ‘donativo’.

Fala-se do desacerto, não se lembrou de ensinar.

Fala-se do subterfúgio; porque mesmo era cativo?

Fala-se do gordo; sabe a causa? Só sabe apontar.

Fala-se do diminuto, no posto de aumentativo?

Fala-se da solidão; _tenho luz e não vou clarear.

Fala-se da violência; o rio vive sempre a arrastar.

Fala-se da agressão da água quando se quer nadar.

E das margens que afligem não se tem o que falar?

Raquel Ordones

Uberlândia MG

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Do rio que tudo arrasta se

diz que é violento

Mas ninguém diz violentas as

margens que o comprimem

----------------- Bertolt Brecht.

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 15/03/2021
Reeditado em 15/03/2021
Código do texto: T7207810
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