O Sertanejo
Ele resolve despertar.
Antes ainda do galo cantar.
Seu orgulho sertanejo, é sua referência.
Seu café matinal, lhe sustenta até o final da tarde.
Seu dejejum é o fruto do que suas mãos calejadas produziram.
Sua satisfação se completa na alvorada de mais uma existência.
O alvorecer é repleto de cores, sensação e odores.
O campo é para ti, como o mar é para o pescador.
O silêncio da madrugada, agora é a marca do passado.
Suas ferramentas são uma enxada, seu arado e seu carro de boi.
Heranças, daquele que já se foi.
Um beijo em sua bela adormecida.
O encantado sai rumo ao labor.
Sofrendo com a dor da partida.
Cantando cantigas de amor.
O percurso é rápido, mas não deixa de ser lindo.
O sol da manhã, parece já estar em pino.
O belo dia ensolarado, agora é para o agricultor, mais uma prova de fé.
Eis a falta d'água.
Eis que o trabalho depende da precipitação.
Assunto este, que não lhe compete solução.
Mas seu trabalho não para, e seu pedido é enviado, na forma de uma oração.
A sua expressão é de tristeza.
Os homens da cidade, estão destruindo o planeta.
Inundando sítios e fazendas, na construção de represas.
A terra grita.
A plantação é a vida, o campo é o seu leito, mas a água é sua noiva.
O casamento perfeito está perto de um divórcio.
Mas se a terra morrer, a viúva será você.
Que mata sem saber.
Ao meio dia, um fio de esperança.
Como se o firmamento, ouvisse as súplicas de um único homem.
Suas orações são singelas, sinceras e de coração.
Mais um passo à precipitação.
O Sertanejo levanta suas mãos aos céus.
Suas lágrimas se confundem ao presente divino.
O órfão mais uma vez, se encontra amparado.
Hoje a noite do sertanejo, será regado a orações de gratidão e cantigas ao pé da fogueira.
E para completar.
O sorriso de sua amada, orgulhosa por ter em casa.
Um homem que planta, não somente alimentos.
Mas a fé, na germinação.
Esperança na criação.
E o reconhecimento de uma nação.