O SABUGO
O SABUGO
Carlos Roberto Martins de Souza
Vou contar um causo verdadeiro
A quem acha que o sabugo é vilão
Só quem um dia naquele guerreiro
Numa emergência buscou solução
Sua santidade o coisa estranha
Na roça fazia sucesso na limpeza
Ninguém por ele fazia campanha
Chegava na hora da sua tristeza
Pensar naquela coisa roliça peluda
Acariciando sua nobre intimidade
De olho naquela região cabeluda
Com os rejeitos fazia cumplicidade
Quem nunca correu para o mato
Apertado bem cheio de precisão
Aquela situação complicada de fato
Te metia numa enorme confusão
Quem poderia imaginar pé de milho
Tendo na vida uma grande utilidade
Além da pamonha em seu brilho
Com a cagança ter lá cumplicidade
E após fazer o serviço completo
Com muito sacrifício e solidão
Olhando aquele milharal repleto
Lhe faltou o bendito papel à mão
.
Um sabugo perdido no roçado
É sempre a salvação da lavoura
Tem que ser trabalho forçado
Não é uma solução duradoura
Vai sempre sobrar alguma sujeira
Não adianta tentar caprichar na limpeza
É só sacrifício lambança e nojeira
O serviço não vai terminar em beleza
Quem vai recusar com ele limpar
Pra você ele é sua solução real
É a lambança que precisa tirar
Não tem saída decente pro mal
Não fiquem de boca aberta sentado
Nem pensem que ele é novidade
Já foi por muitos objeto apreciado
Nos campos também na cidade
Passou na bunda de muita gente
Para ele não tinha idade
De quem se dizia sério decente
Ou de uma alta sociedade
O sabugo meu amigo de fé
Meu irmãozinho camarada
Já foi de grande valia até
Na bunda pobre ou prendada
Era ele quem acudia na urgência
Mas o povo de forma dura e cruel
Ao pobre coitado sabugo repudia
Agora que existe o bendito papel
Nos tempos passado ele operava
Tido como a melhor solução
Não só limpava coçava e penteava
Era o socorro da população
Se você hoje o sabugo renegas
Ele sempre era a prontidão
Se você já teve ele nas pregas
Meu Deus! Que ingratidão
Vamos fazer um tributo ao bendito
Pois nunca refugou na tarefa ingrata
Nem mesmo do seu trabalho maldito
Se negava ser um bom democrata
Não escolhia candidato por beleza
Qualquer um ele sabugo socorria
Não olhava jamais a dura fraqueza
De quem a ele na aflição recorria
A vida é ingrata com quem um dia
Era seu companheiro inseparável
No descarte nem ele obrigado ouvia
Ficava com a fama de insuportável
Hoje peça de artesanato na cidade
Quem olha para ele jamais imagina
Aquele sabugo na sua diversidade
Já foi um dia herói daquela latrina