QUARENTENA
QUARENTENA
Carlos Roberto
Minha amiga quarentena querida
Faz décadas que a conheço
Jamais nos encontramos na vida
Mas tudo na vida tem começo
Você me convidou fui te fazer visita
Mau sabia eu a surpresa reservada
Você não era nem um pouco bonita
Pelo contrario você era recalcada
A tal da quarentena é uma coisa danada
Sem mandado de busca e apreensão
Provocou uma confusão generalizada
Trancou pobres e ricos na mesma prisão
Não adianta ficha limpa na praça
Muito menos oferecer belas flores
Todo mudo nesta hora virou caça
Para ela somos todos infratores
Muita gente sem saber o que fazer
Dentro de um espaço estranho
É preciso achar algum prazer
Onde aparece apenas para banho
Muita gente não conhecia a moradia
Muito menos aquela sua familia
Comer beber conversar não sabia
Não conhecia nem mesmo a mobilia
Quarentena é irmã da tal depressão
O sujeito acostumado na vida solto
Vai enfrentar uma enorme aflição
Ela vai naufragar no seu mar revolto
Tem pai que não conhece seu filho
Aquele anjinho também o marmanjo
O desafio é colocar os três no trilho
Sabendo que ali não há nem um anjo
É uma grande e nova aventura na vida
Fazendo de paredes as nobres grades
Fomos feitos reféns é nossa triste lida
Da liberdade sobrou apenas saudades
Quarentena por favor de mim tenha pena
Aonde está coisa toda vai dar
Não posso imaginar a triste e dura cena
Se isto tudo em breve não acabar