HORA MARCADA

Às vezes, num descuido de pensamento,

perco a hora.

O relógio, não.

Ele sempre marca os encontros que perco,

as esquinas que erro, o sono a mais.

O tempo que vivo não tem cronologia,

não pode ser medido, não tem ponteiros.

Creio estar inserido num tempo remoto,

aquele que surgiu na explosão inicial.

Hoje, quando me perguntam que horas são,

espio a face de um relógio atônito,

em movimento sem direção nenhuma.

Sinto estar imerso numa espécie de evolução

em direção contrária ao tempo futuro.

Futuro esse que comporta os três tempos

mensuráveis, enquanto caminho, feliz,

ao encontro marcado com meu amor,

impreterivelmente às 14:00 horas.