Porque eu escrevo: motivação da escrita
Contém 15 estrofes.
1) Perenidade poética
A Poesia suspende
o espírito e a matéria
a uma dimensão aérea
em que o físico transcende.
Esse nível compreende
paz, meditação e prece.
O céu azul* oferece
vida e passagem completa
ao coração de um poeta
que "para, mas não perece!".
* a cor azul é criativa e espiritual.
2) Necessidade invertida
Parar de escrever? Não posso!
Já tentei e não consegui.
Faz muito tempo que eu vi:
a escrita é o meu "pai-nosso"
e o "melhor prato" que almoço —,
confortando corpo e mente;
é mais espiritualmente
do que no plano carnal;
nem fome, eu sinto, afinal,
enquanto estou escrevendo:
vou desse jeito, "invertendo
a ordem física e mental".
3) Excepcional lazer
Parar de escrever, não paro.
Sinto-me bem, escrevendo.
Vou assim me entretendo
com o meu "lazer muito raro".
Entretido, eu sinto o "faro"¹
de uma cena alegre ou triste —
de muito drama que existe!
Exponho em perspectiva²
"ponto, linha"³ ou iniciativa
que o olho humano aviste.
¹ faro (figurado): perspicácia, discernimento; intuição.
² perspectiva de abordagem ou tema delimitado.
³ ponto de vista, linha de pensamento.
4) Atração de fluido etéreo
Por que escrevo? É um mistério:
conta dentro do meu ser!
Quando penso em escrever,
atraio um fluido etéreo.
Meu "silêncio de ermitério"¹
ajuda esse magnetismo.
Crio um texto e um aforismo,
invento que sou poeta²;
e nessa conta secreta,
uso letra e algarismo.
¹ Ermitério: o mesmo que eremitério (abrigo de eremita ou casa de campo); eremita ou ermitão é um indivíduo que, usualmente por [...] simples amor à natureza, vive em lugar deserto (https://www.dicio.com.br/eremiterio. Acesso em 25-05-17).
² "O poeta é um fingidor" (multipessoa.net/labirinto/fernando-pessoa/1. Acesso em 25-05-17).
5) Impulso continuado
Já tentei, mas não alcanço
largar escrita e papel.
Tenho um impulso fiel
que não me sai do balanço.
Quando eu me acordo, avanço
em busca de nova guia;
a Internet é uma via
de escape e de saber;
então começo a fazer
mais uma estrofe do dia.
"Parto da criação poética"
ou de tudo quanto eu denominar "minha criação artística".
Natural e prazeroso. O poema é um filho nascido da Poesia, de cujo parto, eu (como pretenso poeta), sinto a dor, ou melhor, o prazer, ou o prazer com a dor.
6) Momento feliz da criação (com a poesia personificada)
O poema é um filho da Poesia¹
da qual nasce originariamente.
E a dor do seu parto — quem a sente?²
Eu, poeta, "quando ela vai 'dar cria'”.
Mas, em vez de eu sofrer em demasia,
tenho aí uma fonte de prazer!
Como todo filho que vai nascer,
pode sair perfeito ou com problema.
A Poesia é a mãe do meu poema³
que, por gosto, eu costumo refazer.
¹ “...a poesia foi para mim uma mulher cruel em cujos braços me abandonei sem remissão...” (Pedro, meu filho. Vinícius de Moraes).
² Uma faceta do meu processo criativo.
³ Poema é o texto escrito em verso. Poesia é a manifestação artística que pode estar no poema, no texto em prosa, no obeto, na imagem, etc.
7) Insônia: indução para a escrita
Eu me sinto muito induzido a escrever —
depois que me acordo e não acho mais sono.
Em vez de entregar-me ao revés do abandono,
anoto o que estou pretendendo dizer...
Não posso sujar nem rasgar, nem perder
o papel da nota desse ato importante.
A ideia que antes estava distante
começa a fazer parte do meu acervo.
E não sinto enfado nem falta de nervo;
a escrita serviu de recurso e calmante.
Musa. A musa inspiradora é como anjo: não tem gênero (masculino, feminino, eunuco nem outro).
8) "Peso leve" na linguagem
Quem escreve tem uma inquietação
que não quer mais deixar passar em branco;
desabafa, com jeito e sendo franco,
evitando causar perturbação.
Eu também desabafo na canção,
no poema, no mote e no aforismo;
reinvento algum neologismo
como "último recurso" do processo;
quando a Musa retorna, eu recomeço
com uma nova dosagem de lirismo*.
* Alusão a Chico Buarque: "Todos nós herdamos do sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo".
Ver também nossa postagem: valdir motivos para escrever.
9) Porque eu escrevo
O ato de escrever —
muitos acham desgastante;
sua rotina é maçante.
Mas escrevo por prazer...
Então como pode ser?
"É gosto: não se discute."
E no sabor que eu desfrute,
não vejo a hora passar
como quem vai trabalhar
ou, um bom jogo, dispute.
10) Mistério silencioso
Por que escrevo? É um mistério:
uma conta do meu ser!
Quando penso em escrever,
atraio um átomo etéreo.
Meu "silêncio de ermitério"¹
ajuda esse magnetismo.
Crio texto e aforismo,
invento que sou poeta²
e nessa conta secreta,
uso letra e algarismo.
¹ Ermitério: o mesmo que eremitério (abrigo de eremita ou casa de campo); eremita ou ermitão é um indivíduo que, usualmente por [...] simples amor à natureza, vive em lugar deserto (https://www.dicio.com.br/eremiterio. Acesso em 25-05-17).
² "O poeta é um fingidor" (multipessoa.net/labirinto/fernando-pessoa/1. Acesso em 25-05-17)
11) Escritor: excepcional lazer
Parar de escrever, não paro.
Sinto-me bem, escrevendo.
Vou assim me entretendo
com o meu "lazer muito raro".
Entretido, eu sinto o "faro"¹
de uma cena alegre ou triste —
de muito drama que existe!
Exponho em perspectiva²
"ponto, linha"³ ou iniciativa
que o olho humano aviste.
¹ faro (figurado): perspicácia, discernimento; intuição.
² perspectiva de abordagem ou tema delimitado.
³ ponto de vista, linha de pensamento.
12) Blogueiro: em vez de frustrado, mundializado
Acabou-se a antiga frustração
que eu sentia, depois que escrevia
uma página, contudo não podia
divulgar minha expressa opinião.
Hoje tenho o meu blogue* em expansão,
onde escrevo e publico, em abundância:
novo espaço, alto nível, larga instância;
o seu raio de alcance é mundial...
O meu blogue tem "jeito de um jornal
cujo dono" lhe dá muita importância.
* "...os blogs viraram também ferramenta de divulgação artística, possibilitando a publicação de material desenvolvido por artistas independentes como poetas, desenhistas, escritores e fotógrafos, antes impossibilitados de mostrar seu trabalho" (http://www.infoescola.com/informatica/o-que-sao-blogs/ Acesso em 10-05-17).
13) Ares da Internet, como rádio no ar. Ou: "Minha postagem no ar"
O poeta sente uma satisfação,
levando o seu texto ao "ar da Internete".
De certa maneira, ele também se entrete
com um verso que sai da imaginação.
Consola, conforta, acalma o coração,
tornando mais leve uma dor ou pesar.
E de manhãzinha, quando se acordar,
espera que alguém leia o que ele escreveu.
Esse tal poeta, sem fama, sou eu,
com um blog sem voz e postagem no ar.
14) Como e porque: leitura motivadora para fazer bem-feito
O poeta sente uma necessidade
de ler o que dizem os outros poetas
a fim de achar em suas obras seletas
o rastro da sua genialidade...
Não quer arriscar-se com mediocridade,
pretende também ser mais um menestrel.
Com esse padrão, tem empenho fiel,
e assim como o príncipe deseja reinar,
tem ele a vontade de acompanhar
o vate que é "mestre em fazer seu papel”.
15) Blog e Recanto das Letras
No velho conceito que eu tenho e fazia,
Com base na minha visão sonhadora,
Meu blogue ainda é um jornal ou editora
Onde eu publicava um texto que escrevia.
Recanto das Letras é uma academia
Da qual, hoje em dia, sou membro integrante;
É onde eu me sinto escritor importante,
Sem ser acadêmico nem sendo imortal.
Aqui meu leitor é um intelectual
De quem eu sou fã ou sou acompanhante.
Portanto, eu já tenho, de agora em diante,
Um novo incentivo motivacional.