Para quem eu escrevo: público leitor
Poema com 15 estrofes
1) Tino literário
Um leitor vê meu escrito,
falando no que ele sente.
Começa a pensar contente :
"Eu bem podia ter dito,
mais ampliado ou restrito,
o que falou esse autor".
Com reflexo criador,
mexe o corpo ou se acalma.
Esse leitor tem na alma
um ânimo de escritor.
2) Alusão ao perfil
Quem é o meu Público Leitor?
É um que, na doce certa,
quer alguma descoberta
sobre a paz e o labor;
quer compreender a dor
nos efeitos variados.
São os corações tocados
pela sensibilidade.
É uma variedade
de espíritos muito avançados.
3) Grande Público
Meu grande Público Leitor!
"és grande, mas não és meu":
és de Quem Te Concebeu
com vida, luz e amor.
Tens aqui mais um autor
que não para de pensar.
Se queres prestigiar
o texto que ele escrever,
quando o dia amanhecer,
"tens um texto para olhar...".
4) Espaço na Internet
A Internete já me deu
brilho, espaço e evidência
com destaque e influência,
cuidando de um blogue meu.
Quando eu digo "Quem sou eu",
faço meu Perfil discreto;
mais adiante, eu o completo
com outros Blogues e Interesses,
e meu Arquivo* é um desses
que tem o "público seleto".
*Arquivo do Blog ou Acervo.
5) Quem sou eu
"Quem sou eu" é uma expressão
que soa como arrogante.
Mas eu a tornei constante
na minha apresentação;
isso tem uma razão,
que é falar com mais clareza,
dando ao Público uma certeza
de que "só eu lhe respondo"
por tudo que estou compondo
na humildade e singeleza.
6) Postagens e bom humor
"Umas trezentas" postagens
diferentes, eu já fiz:
gente de vários perfis,
verso e frase com mensagens;
pensamentos e abordagens —
tudo é parte do montante.
Não têm corpo* exuberante,
mas têm expressividade
para “deixar na saudade
internauta ou navegante”.
*corpo da postagem com o seu texto completo.
7) Desculpa de bom gosto
Peço desculpa ao Leitor,
se algum conteúdo meu
não for de interesse seu
ou lhe cause mau humor.
"Cada tema tem valor
próprio, mas é relativo."
Somente algum é exclusivo
de órgãos e personagens;
outros contêm homenagens
a Amizades com que privo*.
*privar com (é um verbo) que tem o sentido de ser estimado, conviver com filho, ter amizade com alguém. Ex.: ele priva com uma conhecida família no meio intelectual.
8) Impressão de convite
Realista ou imaginado,
sai meu poema na tela,
como um astro de novela
sai televisionado.
Só por mim é ensaiado
antes de eu publicar.
Acho bom examinar
"a impressão que se transmite
na beleza do convite
subentendido no ar".
9) Forma de convite
Convite ao Público Leitor,
expresso ou implícito, eu faço
na imagem, no espaço,
nas palavras de valor.
Se quero ser escritor,
é dele que me acompanho;
é de quem recebo ou ganho
crítica, elogio ou aplauso
pela impressão que lhe causo:
esse “digníssimo rebanho”.
10) Livre-pensador
Cada "leitor meu" parece
um jurado especial
que julga meu festival
pelo qual me enaltece;
ou o meu conceito desce
na sua interpretação.
Diferente opinião!
Mas peço, no julgamento:
livre-arbítrio ao pensamento,
liberdade de expressão!
11) Autocrítico de bom humor
O meu Leitor não precisa
ter preocupação comigo,
depois de ler o que eu digo
sobre a minha ojeriza.
“Eu já levei muita pisa
para aprender a viver.”
Mas sei ganhar, sei perder...
E nesse “fogo cruzado”,
fiquei “mal acostumado” —
a não ter: não é a ter!
12) Poesia reluzente
Ilustre público leitor!
És tu a minha plateia,
que sempre espera uma ideia
de bom costume e fulgor.
Quero mostrar meu penhor
de poesia reluzente.
Como ourives ao cliente
lustra corrente de ouro,
vou transformando em tesouro
verso de qualquer corrente.
13) Capitalista prático
Escrever em poesia
para quem é pragmático
é um modo pouco prático
sem causar muita magia.
Gente que só vê o dia
com “os olhos do Capital”
não quer valor virtual
nem a verdade abstrata:
quer o cobre, o ouro e a prata
com a nota do Real.
14) Para quem mais
Meu público leitor é um
de alto nível que já é;
tenho muita boa-fé
de não lhe causar lundum*.
Espero achar mais algum
de gosto e certa dosagem,
que entenda a minha mensagem;
monoglota ou poliglota
que esteja na mesma rota
da minha paz de abordagem.
*Lundum ou ludu: mau humor
(regionalismo).
15) Carapuça desqualificada
(ressalva em estrofe bárbara)
Quem escreve é condenado
por quem escreve também.
É perseguido por quem
se sentiu prejudicado:
foi um “encarapuçado”
que o escritor nem viu,
que leu seu mote e saiu,
"fazendo uma escaramuça,
vestindo uma carapuça"
que o autor não lhe serviu;
gente assim já "se vestiu
com a roupa suja que fuça".