O CEGO

o olhar adita brilho ao subsolo d'alma

colhe as flores da palavra que se demora

na alcova do verbo raiz

recolhe a íris dos segundos e

de súbito espalha-se

sob a dormência das horas

o olhar abstrai horizontes

na urgência de calar sonhos

e limitar a voz

com frase ingênuas

sem profanar auroras

a lembrança é labareda

olhando para dentro

da rotina dos dias

-adrenalina- ao trânsito trêmulo

titaqueando as dores de agora

o olhar não basta

a silente poética

que solfeja devas

-chorem as rosas-

desfolhem as horas

o amor é engano

quando vê o que olha.

Denise Reis
Enviado por Denise Reis em 10/01/2021
Código do texto: T7156852
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.