O CEGO
o olhar adita brilho ao subsolo d'alma
colhe as flores da palavra que se demora
na alcova do verbo raiz
recolhe a íris dos segundos e
de súbito espalha-se
sob a dormência das horas
o olhar abstrai horizontes
na urgência de calar sonhos
e limitar a voz
com frase ingênuas
sem profanar auroras
a lembrança é labareda
olhando para dentro
da rotina dos dias
-adrenalina- ao trânsito trêmulo
titaqueando as dores de agora
o olhar não basta
a silente poética
que solfeja devas
-chorem as rosas-
desfolhem as horas
o amor é engano
quando vê o que olha.