Água da bica

Água da bica (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

Tarde de domingo,

Na roça do gringo.

Lá vai a Dona Maria,

Sobre a cabeça, uma bacia,

Com os pratos e talheres do dia,

Pois lá não tem pia.

São pratos sujos de arroz, feijão,

Não pode esquecer do macarrão.

Descendo a ladeira,

Conversando como uma lavadeira.

Vai toda feliz,

De vez em quando coça o nariz.

Não olha para baixo e não meche a cabeça,

Fica com medo de quebrar qualquer peça,

De porcelana,

Que pertenceu à finada Joana.

Pisa na tábua da bica,

No fundo, onde fica.

Tira a bacia da cabeça,

Pensa estar no teatro, em uma peça.

Sorri para plateia,

De pássaros e moscas,

Para ela, uma grande ideia,

Divertir-se jogando aos pássaros, farelos de roscas.

A água vai batendo na porcelana,

Como uma grande cachoeira plana.

Assim, vai cantando...

A água caindo,

Fazendo espumas brancas e descendo rego abaixo...

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 05/12/2020
Código do texto: T7128367
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