O ALÉM DA VIDA
Morreu, que Deus o tenha!
Deixou inacabada uma poesia onde dizia:
"A árvore da vida não dá fruto pra mortais".
Pensava no momento do seu passamento
em um documento comprometedor, (que horror)
esquecido no bolso do paletó grená
que tinha uma mancha de baton lilás
recuerdos de Ypacaraí, quissás, quissás, quissás
lembrança grata de uma aventura, que loucura!
Divagações à parte, pensou: "É o fim, mas que importa?
Se nesse instante se me abre outra porta
que nenhum ser humano jamais cruzou,
vou descobrir agora se sou apenas carne
ou se algo mais sutil habita meu corpo"
Assim pensando, cerrou de vez os olhos e a mente
guardando consigo os segredos
daquele mundo recém descoberto
deixando-me deveras curioso, mas não ansioso,
em saber o que ele descobrira
pois se não é ainda meu tempo,
porque ter pressa em descobrir o que há além da vida?